TECNOLOGIA A SERVIÇO DA
ALFABETIZAÇÃO
Por
Roger Vasconcelos, 1954461
Polo
– Caxias do Sul
Data
04/09/2017
Fonte: Fundação Dorina/Avistar Brasil
A
educação de pessoas com deficiência visual ainda tem sido alvo de grandes
discussões nos dias atuais. Isso por que alguns ainda defendem a ideia de que
deficientes visuais devem estudar em escolas especializadas, ou seja, escolas
equipadas e preparadas para recebê-los e educá-los. Essa ideia é defendida
tanto por educadores, quanto por pais e familiares dos deficientes visuais. A
justificativa das escolas regulares e dos familiares decorre do fato de que não
estão preparadas para atender tal grupo de pessoas, pois, estas necessitam de
alguns equipamentos especiais e, além disso, a maioria dos professores não
estão preparados didaticamente e tecnologicamente para recebê-los, mas isso
tende a mudar.
De certa
forma, é bem verdade que os profissionais da educação, ainda não estão
devidamente preparados para receber alunos deficientes visuais ou mesmo com
qualquer outra deficiência, nas escolas regulares de ensino, problema esse que
pode ser solucionado pelo interesse dos próprios profissionais em descobrir
mais acerca das limitações que possuem algumas pessoas e, assim, tentar
aprender com elas o que podem fazer para melhor, ensiná-las e ajudá-las. Alunos
com deficiência visual devem ser educados como todos os demais, frequentando
uma escola regular e convivendo com os mais variados alunos para que aprendam
juntos a conviver com a limitação um do outro e é nessa hora que o professor
deve entrar em ação disposto a fazer este meio de campo.
Recentemente, em uma escola pública regular
de Caxias do Sul, uma professora do 2º ano do ensino fundamental a qual possui
uma turma com 27 alunos na faixa etária entre sete e oito anos, que buscava
alternativas para auxiliar no processo de alfabetização de um aluno cego,
descobriu em suas incursões pela web um aplicativo de áudio descrição muito
interessante, cujo objetivo é
proporcionar independência e autonomia às pessoas cegas e com baixa visão,
oferecendo a eles maior possibilidade de acesso à educação, entretenimento,
cultura e lazer. Esse recurso como o de áudio descrição é fundamental para que
pessoas com deficiência visual tenham uma experiência completa ao entrar em
contato com imagens, materiais diversos e ambientes.
O
aplicativo acessível para áudio descrição é produto exclusivo da Fundação
Dorina e pode ser utilizado em diferentes ambientes. O AudiFoto é gratuito e
está disponível para iOS e Android.
Todos os interessados poderão usufruir do recurso nos locais em que for
aplicado. O funcionamento é da seguinte forma: após análise prévia, áudios
descritores da Fundação Dorina fazem um roteiro de descrição das imagens e
ambientes e profissionais da voz gravam os áudios, que serão inseridos nos
bancos de dados. Sensores disparam a gravação conforme o usuário se aproxima
das peças com seu próprio smartphone ou tablet que tenha o aplicativo
instalado. O processo ainda inclui avaliação e validação feitas por pessoas com
deficiência visual. Dessa forma, as pessoas cegas ou com baixa visão têm acesso
aos detalhes e informações expostos em diferentes ambientes. O profissional
explica que, diferente da áudio descrição presente em diversos locais que
oferecem informações complementares ao objeto em questão, a que é feita para
pessoas com deficiência visual conta com linguagem específica. "Voltado
para este público, às descrições das imagens e ambientes disponibilizadas por
meio do AudiFoto apresentam detalhes do que é visto, proporcionando maior
interação do público com o meio". O AudiFoto ainda permite a inserção de
vídeos com LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais e legendagem, ampliando o
público de impacto. O AudiFoto é mais uma tecnologia direcionada a inclusão de
pessoas com deficiência para que a sociedade se torne mais inclusiva e com
maior responsabilidade social, inclusive atendendo à legislação, conforme
consta no Art. 1º da Normativa nº116 de 18 de Dezembro de 2014 – Todos os projetos de produção audiovisual
financiados com recursos públicos federais geridos pela ANCINE deverão
contemplar nos seus orçamentos serviços de legendagem descritiva,
audiodescrição e LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. Esse importante
avanço possibilitará que as pessoas com deficiência possam assistir aos seus
filmes ou ler seus livros com igualdade de acesso.
Foi
pensando nas soluções em acessibilidade para auxiliar o processo de
alfabetização do seu aluno cego, que a professora do 2º ano entrou em contato
com uma das unidades de negócios sociais da Fundação Dorina, para que os
ambientes da escola, materiais didáticos, jogos, brinquedos e recursos
utilizados no processo de alfabetização e principalmente o acervo da biblioteca
da escola em que atua, estejam preparados para receber alunos com baixa visão
ou cegos.
Após
a implantação do sistema de áudio descrição específico para a escola a
professora teve maiores alternativas para desenvolver suas aulas de maneira que
seu aluno cego possa interagir cada vez mais e de forma mais eficaz com o
ambiente e tendo maior facilidade para construir a imagem do mundo ao qual está
inserido, tendo assim um melhor desempenho no seu processo de alfabetização. A
escola adquiriu tablet para que o aplicativo fosse colocado em prática, o que
infelizmente pode ser um dos agravantes para a realidade em que vivem nossas
escolas de rede pública. O que vale ressaltar que é plenamente possível fazer a
inclusão de um portador de deficiência visual na escola regular. Lembrando-se
que a escola é só o começo da inclusão social, que será buscada e conquistada
por ele dia após dia e o professor é o responsável pelos primeiros passos rumo
a essa conquista, por isso, está em suas mãos o início da socialização de
pessoas que só buscam uma chance de mostrar que querem e podem aprender,
ultrapassando todo e qualquer obstáculo.
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