quarta-feira, 6 de setembro de 2017

TECNOLOGIA A SERVIÇO DA ALFABETIZAÇÃO


TECNOLOGIA A SERVIÇO DA ALFABETIZAÇÃO

Por Roger Vasconcelos, 1954461

Polo – Caxias do Sul

Data 04/09/2017



 
 
 
 



 
Fonte: Fundação Dorina/Avistar Brasil

A educação de pessoas com deficiência visual ainda tem sido alvo de grandes discussões nos dias atuais. Isso por que alguns ainda defendem a ideia de que deficientes visuais devem estudar em escolas especializadas, ou seja, escolas equipadas e preparadas para recebê-los e educá-los. Essa ideia é defendida tanto por educadores, quanto por pais e familiares dos deficientes visuais. A justificativa das escolas regulares e dos familiares decorre do fato de que não estão preparadas para atender tal grupo de pessoas, pois, estas necessitam de alguns equipamentos especiais e, além disso, a maioria dos professores não estão preparados didaticamente e tecnologicamente para recebê-los, mas isso tende a mudar.

De certa forma, é bem verdade que os profissionais da educação, ainda não estão devidamente preparados para receber alunos deficientes visuais ou mesmo com qualquer outra deficiência, nas escolas regulares de ensino, problema esse que pode ser solucionado pelo interesse dos próprios profissionais em descobrir mais acerca das limitações que possuem algumas pessoas e, assim, tentar aprender com elas o que podem fazer para melhor, ensiná-las e ajudá-las. Alunos com deficiência visual devem ser educados como todos os demais, frequentando uma escola regular e convivendo com os mais variados alunos para que aprendam juntos a conviver com a limitação um do outro e é nessa hora que o professor deve entrar em ação disposto a fazer este meio de campo.

Recentemente, em uma escola pública regular de Caxias do Sul, uma professora do 2º ano do ensino fundamental a qual possui uma turma com 27 alunos na faixa etária entre sete e oito anos, que buscava alternativas para auxiliar no processo de alfabetização de um aluno cego, descobriu em suas incursões pela web um aplicativo de áudio descrição muito interessante, cujo objetivo é proporcionar independência e autonomia às pessoas cegas e com baixa visão, oferecendo a eles maior possibilidade de acesso à educação, entretenimento, cultura e lazer. Esse recurso como o de áudio descrição é fundamental para que pessoas com deficiência visual tenham uma experiência completa ao entrar em contato com imagens, materiais diversos e ambientes.

O aplicativo acessível para áudio descrição é produto exclusivo da Fundação Dorina e pode ser utilizado em diferentes ambientes. O AudiFoto é gratuito e está disponível para iOS e Android.  Todos os interessados poderão usufruir do recurso nos locais em que for aplicado. O funcionamento é da seguinte forma: após análise prévia, áudios descritores da Fundação Dorina fazem um roteiro de descrição das imagens e ambientes e profissionais da voz gravam os áudios, que serão inseridos nos bancos de dados. Sensores disparam a gravação conforme o usuário se aproxima das peças com seu próprio smartphone ou tablet que tenha o aplicativo instalado. O processo ainda inclui avaliação e validação feitas por pessoas com deficiência visual. Dessa forma, as pessoas cegas ou com baixa visão têm acesso aos detalhes e informações expostos em diferentes ambientes. O profissional explica que, diferente da áudio descrição presente em diversos locais que oferecem informações complementares ao objeto em questão, a que é feita para pessoas com deficiência visual conta com linguagem específica. "Voltado para este público, às descrições das imagens e ambientes disponibilizadas por meio do AudiFoto apresentam detalhes do que é visto, proporcionando maior interação do público com o meio". O AudiFoto ainda permite a inserção de vídeos com LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais e legendagem, ampliando o público de impacto. O AudiFoto é mais uma tecnologia direcionada a inclusão de pessoas com deficiência para que a sociedade se torne mais inclusiva e com maior responsabilidade social, inclusive atendendo à legislação, conforme consta no Art. 1º da Normativa nº116 de 18 de Dezembro de 2014 – Todos os projetos de produção audiovisual financiados com recursos públicos federais geridos pela ANCINE deverão contemplar nos seus orçamentos serviços de legendagem descritiva, audiodescrição e LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. Esse importante avanço possibilitará que as pessoas com deficiência possam assistir aos seus filmes ou ler seus livros com igualdade de acesso.

Foi pensando nas soluções em acessibilidade para auxiliar o processo de alfabetização do seu aluno cego, que a professora do 2º ano entrou em contato com uma das unidades de negócios sociais da Fundação Dorina, para que os ambientes da escola, materiais didáticos, jogos, brinquedos e recursos utilizados no processo de alfabetização e principalmente o acervo da biblioteca da escola em que atua, estejam preparados para receber alunos com baixa visão ou cegos.

Após a implantação do sistema de áudio descrição específico para a escola a professora teve maiores alternativas para desenvolver suas aulas de maneira que seu aluno cego possa interagir cada vez mais e de forma mais eficaz com o ambiente e tendo maior facilidade para construir a imagem do mundo ao qual está inserido, tendo assim um melhor desempenho no seu processo de alfabetização. A escola adquiriu tablet para que o aplicativo fosse colocado em prática, o que infelizmente pode ser um dos agravantes para a realidade em que vivem nossas escolas de rede pública. O que vale ressaltar que é plenamente possível fazer a inclusão de um portador de deficiência visual na escola regular. Lembrando-se que a escola é só o começo da inclusão social, que será buscada e conquistada por ele dia após dia e o professor é o responsável pelos primeiros passos rumo a essa conquista, por isso, está em suas mãos o início da socialização de pessoas que só buscam uma chance de mostrar que querem e podem aprender, ultrapassando todo e qualquer obstáculo. 

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