Por Daiane dos Santos Alves
Polo – Caxias do Sul
Data
04/09/2017
O avanço da tecnologia contribui cada vez mais para a inclusão dos alunos com deficiência. Softwares, equipamentos de comunicação alternativa, materiais protéticos e diversos outros itens ampliam a habilidade funcional dos jovens, tornando-se ferramentas úteis para a independência e o aprendizado. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a educação especial no país tem 752.305 matrículas, somando os estudantes em escolas regulares e especiais. Já nas universidades, os estudantes com deficiência eram 2.173 no ano 2000, e passaram a ser 20.287 em 2010.
Desde o dia 2 de
janeiro de 2016 entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão, O Estatuto da
Pessoa com Deficiência. A partir desta data, as escolas de todo país tiveram
que rever o seu papel na gestão escolar. Nesse sentido, a Secretaria Municipal
de Educação de São Marcos, cidade do interior do Rio Grande do Sul, vem
desenvolvendo atividades que usam os recursos da tecnologia assistiva como
estratégia de inclusão e fortalecimento do aprendizado no ambiente escolar.
De
acordo com a definição proposta pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT),
tecnologia assistiva é uma área do conhecimento, de característica
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à
atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e
inclusão social. (CAT, 2007)
E foi
pensando neste caráter interdisciplinar proposto por esta tecnologia que a professora
Daiana
Rech Dalbó, especialista em educação inclusiva, propôs aos estudantes do Ensino Fundamental da rede pública do município
uma atividade diferenciada. Para ajudar a promover a inclusão de deficientes
visuais no ambiente escolar e estimular os alunos a pensar no próximo, a
educadora desenvolveu o Projeto Ouvindo com o Coração.
Após
mais de dez anos de experiência na rede municipal, ela sentiu a necessidade de buscar especialização em educação inclusiva
quando recebeu na sua turma um aluno com dificuldade de aprendizagem e uma
aluna com deficiência visual. “Eu fiz uma série de adaptações do material e
assim começou o meu trabalho. Um ano depois me ofereceram ir para a sala de
recursos, onde comecei a trabalhar para que a inclusão acontecesse dentro da
escola”, lembra.
O foco principal do projeto Ouvindo com o Coração é promover
a leitura entre os alunos das séries iniciais do ensino fundamental de forma
lúdica e sem exclusão, para isso utilizou o livro-áudio como ferramenta de
inclusão. A educadora relata por que escolheu esta ferramenta: “Quando você usa a tecnologia, você amplia o
espectro de aprendizagem do aluno. Primeiro, porque ela é atraente e inovadora.
E, segundo, porque você consegue suprir as necessidades de cada um.
A professora percorre as escolas do município desenvolvendo
oficinas de leitura interagindo com todas as crianças inclusive com as que
estão em processo de inclusão. Para isso carrega consigo livros em braile e em
áudio, além de explicar como é a vida do deficiente visual. A partir disso, incentiva
as crianças a criarem suas próprias histórias, as quais são gravadas e
transformadas em livro-áudio, e posteriormente são disponibilizados para todas
as escolas do município.
O resultado dessas atividades tem se mostrado bastante promissor,
segundo a Diretora de uma das escolas que receberam o Projeto, “Além do
incentivo à leitura, as crianças estão convivendo com as diferenças de forma
mais solidária e tolerante, é isso que temos sentido com o projeto em nossa
escola”.
O Projeto
Ouvindo com o Coração mostra que o uso das tecnologias no processo de inclusão,
quando acompanhadas e bem orientadas configuram grandes aliadas da educação, pois possibilitam uma aprendizagem
com eficiência, além de promover a cidadania e o desenvolvimento humano.
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