Giulia – Mãos que Falam.
Por: Solange Luza Rossi, RU: 1923730,
Vanilda Jardim da Silva Leidens, RU: 1946289
Viviana Maria Giacometti Boniatti, RU: 1922524.
Polo – Caxias do Sul
Data: 07/09/2017
Quem vê Pedro chegar animado para mais um dia de aula na Escola Getúlio Vargas, não imagina que ele é surdo. Essa animação é resultado do uso do aplicativo Giulia, desenvolvido pelo professor amazonense, Manuel Cardoso, que tem por objetivo promover a comunicação de surdos com ouvintes. Plataforma digital funciona através de um bracelete com sensores que captam sinais elétricos dos músculos do antebraço e da mão que enviam os dados, via bluetooth, para um aplicativo de celular que sintetiza as informações em voz eletrônica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a surdez afeta 5% da população Mundial, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que o número de pessoas surdas no Brasil é de aproximadamente 9,7 milhões. Uns dos maiores problemas que essas pessoas enfrentam é a dificuldade da comunicação com pessoas que não entendem a língua brasileira de sinais, libra. E essa população de surdos inclui um grande número de pessoas com dificuldade na compreensão do português, valendo-se da língua libra como o único ou o principal recurso de comunicação. São barreiras que afetam o cotidiano das pessoas surdas, interferindo na sua interação social e até mesmo na sua qualidade de vida.
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Getúlio Vargas, localizada no centro de Flores da Cunha, como tantas outras entidades educacionais, tem em seu quadro de discentes diversas crianças e adolescentes com necessidades especiais. Pedro, dez anos, aluno do quinto ano é surdo. A partir do início do ano letivo, data que Pedro passou a frequentar a classe da professora Maria, o dia-a-dia da educadora mudou. Além da angústia de não conseguir se comunicar efetivamente com o garoto, percebia que o mesmo era sentido por ele. Embora Pedro dominasse totalmente a língua de sinais ele era o único que o fazia na escola. Tal situação estava levando o aluno ao isolamento e as suas faltas tornaram-se frequentes.
Determinada a melhorar o cotidiano de Pedro na escola, Maria passou a pesquisar sobre a existência de algum aplicativo que pudesse auxiliá-la em tal tarefa e foi assim que deparou-se com o Giulia. Este por sua vez, além de transformar a língua de sinais em voz eletrônica é capaz de fazer o caminho inverso. Através do uso dessa tecnologia, o estudante passou a ter maior facilidade de comunicação no ambiente escolar, com uma melhor interação com os colegas e com a professora, além de mais liberdade em se comunicar com os demais ambientes da escola. Dessa maneira, o seu aprendizado tornou-se mais significativo, uma vez que participa ativamente das aulas. As faltas, que antes eram frequentes, agora são praticamente inexistentes.
O projeto Giulia começou a ser desenvolvido em 2014, por Manuel Cardoso, professor da Faculdade de Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), quando estava em Boston, nos Estados Unidos, onde teve o primeiro contato com uma pulseira equipada com sensores para captar sinais dos músculos do braço e da mão. A partir de então teve a ideia de adaptar a tecnologia até chegar a criação do aplicativo. Segundo Manuel Cardoso “o projeto Giulia é composto por um bracelete com sensores que é utilizado por deficientes auditivos. Esse aplicativo capta os movimentos de braço e mão do surdo e os transmite via bluetooth a um aplicativo para smartphone baseado em inteligência artificial. Este aplicativo, traduz os sinais de libras em texto e voz, permitindo que deficientes se comuniquem com pessoas que não possuem conhecimentos de libras. A comunicação inversa também é possível, basta o ouvinte falar no microfone do smartphone que o aplicativo traduz em texto ou desenho animado em libras, caso o deficiente auditivo não saiba ler”.
O aplicativo Giulia tem sido bastante eficaz em melhorar a comunicação entre surdos e ouvintes. A sua utilização é extremamente simples, tanto que pode ser utilizado por pessoas não alfabetizadas. Além disso, como ele foi desenvolvido no Brasil, todo o procedimento de instalação e utilização é escrito em português. Embora a sua instalação seja gratuita, é necessário que a pessoa interessada possua um smartphone equipado com tecnologia bluetooth, o que se configura em um empecilho para muitos. Pedro, filho de pais desempregados, só conseguiu ter acesso ao aplicativo graças ao empenho da professora Maria. A mesma buscou a colaboração de alguns empresários da cidade que, sensibilizados com a situação do estudante, contribuíram na aquisição do smartfhone para o uso do aplicativo Giulia, que é gratuito de fácil aquisição, pois precisa somente de um cpf e pode ser baixado pelo play store, logo o maior desafio então, é a aquisição do aparelho que é de difícil acesso para as pessoas de baixa renda. Porém essa bela história nos deixa uma inquietante pergunta: e todos aqueles que não têm a mesma sorte de Pedro?
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