Por Daiane Cavalli Pereira Pasquali, RU
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Data
11/09/2017
Caxias do Sul está sendo representada na
final do Prêmio Padovan deste ano. A professora Mirela Santos da Silva foi indicada
para concorrer à categoria de Aprendizagem de Crianças Autistas e no final
deste mês irá até o Rio de Janeiro para a cerimônia de entrega das premiações.
O prêmio foi criado há cerca de dez anos com o objetivo de incentivar os
estudos e possíveis tratamentos sobre as mais variadas doenças do sistema
nervoso – utilizando-se do Método Padovan de Reorganização Neurofuncional.
Os alunos e professores da Escola Estadual de
Ensino Médio Cora Coralina estão ansiosos para a chegada do dia 27 de setembro
– dia em que a professora das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Mirela
Santos da Silva, irá embarcar rumo a um evento na Ilha do Governador, no Rio de
Janeiro, para participar da cerimônia de entrega de premiações do Prêmio
Padovan de 2017. O prêmio une profissionais das áreas da saúde e educação que
utilizam em sua prática o Método Padovan de Reorganização Neurofuncional – que
fora desenvolvido inicialmente pela pedagoga e fonoaudióloga brasileira Beatriz
Padovan. Atualmente este método também está auxiliando no desenvolvimento de crianças
com autismo.
Mirela conta que já trabalha na rede estadual
de ensino há oito anos e somente nos últimos anos começou a receber alunos
autistas – como as escolas estaduais não possuem profissionais específicos para
trabalhar com crianças especiais, a direção orienta a família a buscar uma vaga
na rede municipal, na qual há um setor na escola com profissionais capacitados
para atender a essas crianças. Mas há famílias que optam por deixar seus filhos
nas escolas estaduais por diversos motivos, um deles é a proximidade da escola
com a residência, facilitando a locomoção da criança. Neste caso, a professora
passa a ter um grande desafio – alfabetizar uma turma de 15 a 20 alunos e dar
atendimento diferenciado àquele aluno especial.
Mirela afirma que não é uma tarefa fácil e
assim buscou capacitar-se com pós-graduação e cursos atualizados. Foi num
desses cursos que Mirela conheceu o Método Padovan e a possibilidade de se
trabalhar o desenvolvimento da aprendizagem com crianças autistas através do
uso da tecnologia. Aliando esses conhecimentos a professora levou para a sala
de aula um tablet no qual instalou vários aplicativos que auxiliaram no
desenvolvimento do aluno em questão – a identidade da criança será preservada.
O aplicativo que mais chamou a atenção da
criança autista e que fez com que houvesse progresso em seu desenvolvimento
como um todo, de acordo com as observações da professora, foi o aplicativo
chamado Proyect@ Emociones. Esse aplicativo foi desenvolvido por pesquisadores
da Universid de Valparaíso – uma universidade localizada no Chile. Dessa forma,
há uma pequena barreira – ele é todo em espanhol. Entretanto, como ele é de
fácil entendimento para sua utilização, o professor pode ir estimulando o
contato de um idioma diferente, o que acaba ainda atraindo a atenção da
criança.
À primeira vista esse método do aplicativo
parece inútil, entretanto para os pais ou professores de crianças autistas isso
possui muito significado, pois de acordo com pesquisas e estudos realizados por
diversos psiquiatras, as diversas formas de expressão dos sentimentos –
gestuais, faciais, vocais – revelar-se-iam ininteligíveis para a criança
autista, que demonstraria então grande dificuldade para a empatia. A expressão
das emoções por meio dos gestos, da palavra ou da tonalidade da voz é
superficial e muito anormal até mesmo entre os autistas que chegaram à idade
adulta e cuja condição pôde, aliás, melhorar.
Para o professor de Psiquiatria para a
Infância e Adolescência da Universidade de Paris, Pierre Ferrari, em seu livro
Autismo Infantil – “o isolamento da criança autista não seria o resultado da
fuga ou do evitamento por parte da criança, nem a consequência da falha na capacidade de apego, nem da
incapacidade fundamental para reagir positivamente a estímulos sociais, mas o
resultado da já descrita incapacidade para reconhecer a existência de estados
mentais, pensamentos e intencionalidades de outras pessoas. Essa incapacidade,
considerada fundamental, estaria na origem do isolamento dessas crianças.
Ainda em tempo – se a professora Mirela
receber o prêmio, vai trazer para a nossa cidade o valor de 15 mil reais, deste
um valor será para ela e o restante se investirá na escola Cora Coralina na
compra de materiais para se trabalhar com crianças especiais. A cerimônia de
premiação será transmitida ao vivo no dia 27 de setembro através do site www.premioinstitutopadovan.com.br
– às 20 horas.
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