Por: Lidiane Flávia Freiberger Schneider - RU: 1737219
Polo: Caxias do Sul
Data: 30/08/2017
Fonte:
reprodução internet
O acesso à educação é um direito incondicional de todos. Mas ninguém é igual, cada um tem uma trajetória de vida singular, com diferentes condições sociais, afetivas, físicas e intelectuais, que devem ser respeitadas e levadas em consideração quando falamos de educação.
A educação inclusiva, parte desse
conceito, tendo como princípio o reconhecimento e a valorização das diferenças
humanas, visando o acesso de alunos com necessidades especiais, em escolas
comuns. Para tanto, é necessária uma adaptação por parte da escola, tanto em
questão de infraestrutura, quanto de profissionais qualificados e formação continuada
de professores para atender as necessidades dos alunos. Segundo a pesquisadora
Denise Crispim, mãe de uma menina com paralisia cerebral “A educação inclusiva
deveria ser o que na verdade a educação precisa ser para todos. Ela tem que
criar sentidos, abrir possibilidades, permitir a participação e estar conectada
com a realidade”.
Durante muito tempo, pessoas com
deficiência ficaram limitadas a frequentar somente instituições voltada
exclusivamente para esse fim. Atualmente, a realidade é bem diferente. As
instituições tradicionais vem se adaptando e investindo para atender
deficientes, que tem o direito de frequentar uma escola normal, podendo em
algumas regiões contar inclusive, com um funcionário para auxiliar no
desenvolvimento das tarefas, caso haja necessidade. Um recurso muito importante
para garantir o acesso de pessoas com algum tipo de deficiência no processo de
aprendizado e acompanhamento das aulas é a Tecnologia Assistiva.
De acordo com o Comitê de Ajudas
Técnica (CAT), “Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de
característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência,
qualidade de vida e inclusão social”. Atualmente, existem diversos tipos de Tecnologias
Assistivas, desde as mais simples, como um lápis com empunhadura mais grossa
para facilitar a preensão, até aplicativos e programas de computador. Mas vamos
falar um pouco sobre algumas Tecnologias Assistivas simples, que podem ser
facilmente “fabricadas” a partir de objetos que utilizamos diariamente.
No artigo, Tecnologia Assistiva:
favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem em contextos educacionais
inclusivos, o Doutor, Mestre em Educação e professor, Teófilo Galvão Filho, descreve:
“Existe um número incontável de possibilidades, de recursos simples e de baixo
custo, utilizados como Tecnologia Assistiva, que podem e devem ser
disponibilizados nas salas de aula inclusivas, conforme as necessidades
específicas de cada aluno com necessidades educacionais especiais presente
nessas salas, tais como: suportes para visualização de textos ou livros;
fixação do papel ou caderno na mesa com fitas adesivas; engrossadores de lápis
ou caneta confeccionados com esponjas enroladas e amarradas, ou com punho de
bicicleta ou tubos de PVC “recheados” com epóxi; substituição da mesa por
pranchas de madeira ou acrílico fixadas na cadeira de rodas; órteses diversas,
e inúmeras outras possibilidades. Com muita frequência, a disponibilização de
recursos e adaptações bastante simples e artesanais, às vezes construídos por
seus próprios professores, torna-se a diferença, para determinados alunos com
deficiência, entre poder ou não estudar, aprender e desenvolver-se, junto com
seus colegas”.
Na cidade de Canela, RS, encontramos
um exemplo de sucesso no uso dessas tecnologias. A professora Eliane Cardoso,
de 36 anos, leciona artes para uma turma de 15 alunos, com faixa etária entre 7
e 8 anos. O aluno Rafael, de 7 anos, faz parte dessa turma. Rafael foi
diagnosticado com paralisia cerebral alguns dias após o nascimento. O menino
não apresenta movimento nos membros inferiores e não senta sem apoio, fazendo
uso de cadeira de rodas. Apresenta movimentos involuntários de baixa amplitude
nos membros superiores e dificuldade no movimento de pinça, tendo dificuldade em
manusear materiais como lápis, canetinha, rolo de pintura, tubo de cola, entre
outros. Para poder acompanhar as aulas e realizar as atividades, o aluno
utiliza dois recursos muito simples: o engrossador de objetos e a pulseira de
pesos. O engrossador tem como função aumentar o diâmetro dos objetos,
facilitando a empunhadura. Pode ser feito a partir de rolos de espuma, tiras de
E.V.A, bolinha de borracha ou qualquer outro recurso que aumente a dimensão dos
objetos (engrossando) e facilitando a preensão. Precisa ser frequentemente adequado
ao usuário, acompanhando o crescimento da mão. Pode ser usado com ou sem um
elástico ou neoprene que mantenha preso na mão, no caso de Rafael possui um
elástico que permite que o objeto fique firme na mão.
A pulseira de peso, por sua vez, tem
como objetivo, o controle dos movimentos involuntários. Pode ser de modelo
tradicional, disponível no mercado ou montada a partir de uma faixa de neoprene
ou elástico, com saquinhos de areia presos a sua volta. O peso precisa ser
adequado ao usuário, de modo a controlar os movimentos involuntário, mas
permitindo o movimento necessário para realizar suas atividades. É preciso
realizar a manutenção dos pesos conforme o crescimento e desenvolvimento do
indivíduo. Como a família do menino não possui muitas condições financeiras, ele
faz uso da pulseira “caseira”, fabricada com o auxílio de uma terapeuta
ocupacional.
Sem essas tecnologias, Rafael não
conseguiria realizar suas atividades, tanto na escola, como na rotina diária,
já que a pulseira pode ser usada durante todo o dia, auxiliando no controle da
movimentação e o engrossador também pode ser utilizado em diversos outros materiais,
além dos escolares, como talheres, escova de dentes, entre outros, promovendo
ao menino, inclusão e autonomia para desenvolver suas tarefas e garantir seu
aprendizado.
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