quinta-feira, 31 de agosto de 2017

TECNOLOGIAS QUE PROPORCIONAM QUALIDADE DE VIDA AO ALCANCE DAS MÃOS

Por: Lidiane Flávia Freiberger Schneider - RU: 1737219
Polo: Caxias do Sul
Data: 30/08/2017



Fonte: reprodução internet

O acesso à educação é um direito incondicional de todos. Mas ninguém é igual, cada um tem uma trajetória de vida singular, com diferentes condições sociais, afetivas, físicas e intelectuais, que devem ser respeitadas e levadas em consideração quando falamos de educação.
A educação inclusiva, parte desse conceito, tendo como princípio o reconhecimento e a valorização das diferenças humanas, visando o acesso de alunos com necessidades especiais, em escolas comuns. Para tanto, é necessária uma adaptação por parte da escola, tanto em questão de infraestrutura, quanto de profissionais qualificados e formação continuada de professores para atender as necessidades dos alunos. Segundo a pesquisadora Denise Crispim, mãe de uma menina com paralisia cerebral “A educação inclusiva deveria ser o que na verdade a educação precisa ser para todos. Ela tem que criar sentidos, abrir possibilidades, permitir a participação e estar conectada com a realidade”.

Durante muito tempo, pessoas com deficiência ficaram limitadas a frequentar somente instituições voltada exclusivamente para esse fim. Atualmente, a realidade é bem diferente. As instituições tradicionais vem se adaptando e investindo para atender deficientes, que tem o direito de frequentar uma escola normal, podendo em algumas regiões contar inclusive, com um funcionário para auxiliar no desenvolvimento das tarefas, caso haja necessidade. Um recurso muito importante para garantir o acesso de pessoas com algum tipo de deficiência no processo de aprendizado e acompanhamento das aulas é a Tecnologia Assistiva.
De acordo com o Comitê de Ajudas Técnica (CAT), “Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”. Atualmente, existem diversos tipos de Tecnologias Assistivas, desde as mais simples, como um lápis com empunhadura mais grossa para facilitar a preensão, até aplicativos e programas de computador. Mas vamos falar um pouco sobre algumas Tecnologias Assistivas simples, que podem ser facilmente “fabricadas” a partir de objetos que utilizamos diariamente.

No artigo, Tecnologia Assistiva: favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem em contextos educacionais inclusivos, o Doutor, Mestre em Educação e professor, Teófilo Galvão Filho, descreve: “Existe um número incontável de possibilidades, de recursos simples e de baixo custo, utilizados como Tecnologia Assistiva, que podem e devem ser disponibilizados nas salas de aula inclusivas, conforme as necessidades específicas de cada aluno com necessidades educacionais especiais presente nessas salas, tais como: suportes para visualização de textos ou livros; fixação do papel ou caderno na mesa com fitas adesivas; engrossadores de lápis ou caneta confeccionados com esponjas enroladas e amarradas, ou com punho de bicicleta ou tubos de PVC “recheados” com epóxi; substituição da mesa por pranchas de madeira ou acrílico fixadas na cadeira de rodas; órteses diversas, e inúmeras outras possibilidades. Com muita frequência, a disponibilização de recursos e adaptações bastante simples e artesanais, às vezes construídos por seus próprios professores, torna-se a diferença, para determinados alunos com deficiência, entre poder ou não estudar, aprender e desenvolver-se, junto com seus colegas”.

Na cidade de Canela, RS, encontramos um exemplo de sucesso no uso dessas tecnologias. A professora Eliane Cardoso, de 36 anos, leciona artes para uma turma de 15 alunos, com faixa etária entre 7 e 8 anos. O aluno Rafael, de 7 anos, faz parte dessa turma. Rafael foi diagnosticado com paralisia cerebral alguns dias após o nascimento. O menino não apresenta movimento nos membros inferiores e não senta sem apoio, fazendo uso de cadeira de rodas. Apresenta movimentos involuntários de baixa amplitude nos membros superiores e dificuldade no movimento de pinça, tendo dificuldade em manusear materiais como lápis, canetinha, rolo de pintura, tubo de cola, entre outros. Para poder acompanhar as aulas e realizar as atividades, o aluno utiliza dois recursos muito simples: o engrossador de objetos e a pulseira de pesos. O engrossador tem como função aumentar o diâmetro dos objetos, facilitando a empunhadura. Pode ser feito a partir de rolos de espuma, tiras de E.V.A, bolinha de borracha ou qualquer outro recurso que aumente a dimensão dos objetos (engrossando) e facilitando a preensão. Precisa ser frequentemente adequado ao usuário, acompanhando o crescimento da mão. Pode ser usado com ou sem um elástico ou neoprene que mantenha preso na mão, no caso de Rafael possui um elástico que permite que o objeto fique firme na mão. 
A pulseira de peso, por sua vez, tem como objetivo, o controle dos movimentos involuntários. Pode ser de modelo tradicional, disponível no mercado ou montada a partir de uma faixa de neoprene ou elástico, com saquinhos de areia presos a sua volta. O peso precisa ser adequado ao usuário, de modo a controlar os movimentos involuntário, mas permitindo o movimento necessário para realizar suas atividades. É preciso realizar a manutenção dos pesos conforme o crescimento e desenvolvimento do indivíduo. Como a família do menino não possui muitas condições financeiras, ele faz uso da pulseira “caseira”, fabricada com o auxílio de uma terapeuta ocupacional.

Sem essas tecnologias, Rafael não conseguiria realizar suas atividades, tanto na escola, como na rotina diária, já que a pulseira pode ser usada durante todo o dia, auxiliando no controle da movimentação e o engrossador também pode ser utilizado em diversos outros materiais, além dos escolares, como talheres, escova de dentes, entre outros, promovendo ao menino, inclusão e autonomia para desenvolver suas tarefas e garantir seu aprendizado.

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